"Crème brûlée" de barriga de porco: mais uma de Rodrigo Oliveira e Julien Mercier

Novembro 2012

Rodrigo Oliveira e Julien Mercier

Já falei algumas vezes aqui o quanto sou fã do chef Rodrigo Oliveira e do seu Mocotó, que é, pra mim, um dos melhores restaurantes do Brasil. Já contei também do meu entusiasmo a respeito do incessante trabalho de pesquisas que ele e o chef Julien Mercier realizam no Engenho Mocotó. Deixem-me falar, agora, do prato que a dupla executou em sua demonstração no congresso Panamá Gastronómica, onde estive em agosto. No último post, quando relatei minhas refeições na Cidade do Panamá, deixei de fazer essa observação: a melhor coisa que comi durante os quatro dias em que estive na cidade não saiu dos fogões de nenhum restaurante local, mas veio justamente pelas mãos da dupla brasileira.

Ambos têm especial apreço por carne de porco e quando se debruçam sobre o bicho, dispostos a tirar o que tem de melhor, sempre sai coisa boa. Estão aí os perfeitos torresmos do Mocotó a provar o que digo. O mesmo se pode dizer do trabalho de charcutaria que Julien vem desenvolvendo. No mais, valho-me das palavras do próprio Rodrigo, que sintetizam bem o espírito da coisa: “Não me preocupo em usar produtos caros. Uma costeleta de cordeiro pode até custar mais que uma barriga de porco, mas, certamente, não tem mais valor. Quando se devota atenção ao produto, uma simples barriga de porco pode virar iguaria”.

Voltando ao prato que dá título a este post, é mais uma pérola pra coleção dos dois. Trata-se de uma barriga de porco idealizada como uma crème brûlée. A ideia era conseguir fazê-la com interior extremamente macio e delicado, sob uma fina pele crocante (à semelhança dos cochinillos que os espanhóis fazem tão bem), de forma que se pudesse comer de colher, uma vez rompida a crosta, assim como se faz com a sobremesa francesa.

Para chegar ao resultado desejado, submetem a carne a algumas horas de cocção a vácuo, prensando-a, após a cocção, sob placas que pesam de cinco a seis quilos. Antes de levar à frigideira, retiram, ainda, parte da pele do porco pra que a pururuca não fique dura demais a ponto de não se poder romper como acontece com a clássica sobremesa que inspirou o prato. Pra acompanhar a carne, favada com legumes e paçoca de torresmo.

Quando o vi pronto na bancada do congresso, não resisti e pedi pra provar. Confesso que comi quase inteiro. E fiz bem, pois soube depois que, pra nossa infelicidade, o prato não está no cardápio do Mocotó nem deverá entrar no cardápio do novo Mocotó Café, a ser inaugurado em breve... Lamentemos.

por: Aristoteles em 13-11-2012
Constance,

Você sabe qual é a proposta do Mocotó Café?

Ps.: Estou indo para Londres e Paris nesta semana. Levo comigo varias de suas sugestões, obrigado.
por: Constance em 14-11-2012
Oi, Aristoteles. Que bom saber que está levando minhas dicas com você. Quanto ao Mocotó Café, acho me parece que seguirá a mesma linha de inspiração na cozinha nordestina, mas com cardápio bem diferente do do Mocotó. Rodrigo promete trazer na nova casa um porcobúrguer, que já anda tirando meu sono: pão de mandioca, hambúrguer de porco e maionese de pimenta.
por: Sebastiao Castro em 15-11-2012
Cada vez mais e melhor! É a síntese do quali-quantitativo.Parabéns e Obrigado !
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